Não tem cura

Quando acordamos e vamos encarar mais um dia, jamais imaginamos que, essa data até agora mesmo nada significativa, pode se tornar uma data muito especial e até o fim de nossa vida, comemorada; ou relembrada com todos os seus felizes detalhes.
Quando conhecemos uma pessoa, não fazemos idéia de que ela, até agora mesmo, um ser humano estranho, irá se tornar tão especial, capaz de nos transformar de maneira definitiva.
Se você parar pra pensar, todas as pessoas especiais da tua vida entraram nela assim: sem avisar, sem se apresentar como inesquecíveis, sem informar que ali elas estão conquistando para sempre o teu coração e, sem que você as dê licença, elas estão levando-o consigo.
E a partir daí, talvez elas começarão a fazer parte de tua vida. Se você fôr maduro, sensato, que ótimo! Caso não seja, talvez só consiga perceber a dimensão do encontro quando já fôr tarde.
E viver com as lembranças do que foi bom e poderia ter sido melhor, e viver com as lembranças do que foi ruim e também poderia ter sido melhor, e viver com um pouco de culpa, uma dose pequena de remorso e uma dose cavalar de saudade é uma realidade. A realidade.
"A crueldade de que se é capaz deixar pra trás o coração partido."

Um dia você acorda e percebe o quão infantil, insensato e até mesmo medíocre você foi. Você esteve com a pessoa mais especial do mundo ao teu lado, mas não se deu conta disso. Agora é tarde. Você ficou em dor, sozinho, com saudade. E ficou pela metade. A pessoa foi embora com a tua metade e com o teu coração inteiro.
O que fica pra trás é um sofrimento dolorido. Dor que não é metáfora, dor que dói. De verdade, dói.
E você se sente o pior dos seres humanos: você foi imaturo, um bebezão. Você foi cruel. Calou-se quando deveria falar. E falou quando era para silenciar. Foi insensato. Tolo. Um néscio.
O que fazer agora?

Você abre os olhos e o pensamento vai lá naquela pessoa. Começa o dia e a saudade já lhe traz um "bom dia". Vai tentando disfarçar dos olhos a dor de ter crescido tarde demais. Vai sorrindo sorrisinhos tristes aqui e ali. Às vezes até disfarça e deixa saltar da garganta uma gargalhada... o travesseiro é quem sabe da sua legitimidade...
"Eu não quis te fazer infeliz, não quis. Por tanto não querer, talvez fiz."

A beleza das coisas em volta não lhe traz muito sentido. O coração quebrado e partido só quer amar de novo, consertar os erros, agarrar-se a uma chance. Reamar.
Mas que nada.
Silêncio. Saudade. Lágrimas. Arrependimento amargo. Vontade. Frustração. Essa é a tua gris realidade.
Como pode um ser humano sentir um amor tão grande assim? Como um coração pela metade pode pulsar tão violentamente por aquela pessoa que se foi e sequer se lembra que deixou pra trás um coração partido, o teu coração partido?
Como pode um sentimento chamado amor ser tão avassalador assim?
Como pode doer tanto e ser tão lindo?
Como pode te fazer chorar assim, quando você só tem bem-querer dentro de si?
Como a dor daquela pessoa desperta em você uma vontade de proteger, de acolher, de guardá-la... como o mal que a atinge pode magoar tanto a tua própria alma?
"Se tudo parecia nada, ainda assim, o nada era mais do que o que você deixou no fim."

E você se perde namorando detalhes: um sorriso, um trejeito, uma gíria, uma forma de andar... e tudo vai dilacerando... porque a dor lhe fez crescer e finalmente você se tornou um ser pronto para amar, mas a dor dia-dia também te lembra que você amadureceu quando se tornou tarde demais.

Ou não?

A verdade é que você nem imaginava que, naquele dia comum, estava se encontrando com alguém que te mudaria para sempre.

http://www.youtube.com/watch?v=DPZV8rSuTlg

Comentários

Márcia Duarte disse…
"o travesseiro é quem sabe da sua legitimidade..." Tá na hora de trocar o travesseiro! =)