Só vivendo para Saber


Quando eu era criança, toda vez em que chovia,
eu pensava que no mundo inteiro estava chovendo.
E quando era dia,
eu pensava que o mundo inteiro estava ensolarado.
Com o tempo, fui sabendo que não é assim.
Faz noite aqui enquanto é dia lá.
Há paz aqui enquanto há guerra lá.
Sol, chuva.
Noite, dia.
Paz, guerra.
Costume aqui, ofensa lá.
Animal domesticado aqui, iguaria lá.
Às vezes ainda tenho aquela inocência pueril
de acreditar que não há antíteses no mundo
e que todos sentem o que sinto,
que todos veem o que vejo,
que todos são capazes do que sou.
As contradições do mundo às vezes me chocam.
Somos todos diferentes.
E eu volto à primeira lição que a vida me ensinou:
a gente só sabe do que é capaz vivendo.
Não adianta se imaginar.
Só vivendo é que a gente experimenta
a coragem própria e a covardia alheia.
E eu ainda me surpreendo com tudo isso.

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