Antigo Sol


Do que é feito o teu medo?
De que matérias são os teus fantasmas?
Em que abismo enterraram a tua fé?
Em que profundidade do mar se perdeu tua vontade?
Volta para a vida, venha comigo
Me dê teu braço direito
e vamos à procura de mais vinho
A gente se senta naquele muro de pedras ancestrais
e assiste ao mais recente pôr do antigo Sol
Vou te contar segredos
e sorrir timidamente sempre que meu fascínio
me escapar pelos olhos
Vou tentar disfarçar,
olhando para os últimos raios do antigo Sol
e também mexer nos cabelos que, eu sei,
insistirão em cair sobre meus olhos famintos
de teus silêncios falantes
Vou te falar do teu coração,
desse teu depósito de histórias e sabotagens
Vou te dar colo quando o céu estiver sem assunto,
no entremeio do antigo Sol e as estrelas
Vou te pedir confiança
em um caminho de poesias e de olhos fechados
Vou te desarmar com um olhar
e te persuadir com a minha respiração
E então vou te perguntar mais uma vez
do que é feito o teu medo
e já não terás resposta
Não se lembrarás da solidão,
dos silêncios sepulcrais
que te cortaram nos dias mais frios
Adormeceremos abençoados pelas últimas estrelas,
entrelaçados sobre aquele muro de pedras ancestrais
até que renasça o antigo Sol
com o brilho novo sobre nossas vidas.

Comentários