Vidinha Mais ou Menos


São as tuas imagens que me instigam
e em tua verdade _disfarçando naturalidade_
que me perco
Choro ao te ver
enquanto nem te lembras que ainda vivo
Não, eu não vivo
Acidentalmente eu ainda existo
no equilíbrio impossível
entre essa rotina odiosa
e os sonhos que outros realizam
Já sentiste tanta raiva da vida
a ponto de querer bater em Deus?
[Ah, que heresia!
Isso é hipérbole poética,
licença de hospício:
ninguém bate em Deus!]
É, mas nessa noite eu bateria
Não, eu O esfolaria
[com todo meu ódio e respeito]
Está insuportável dar essa força que não me cabe,
esses conselhos que não me servem,
esse sorriso fotogênico,
que em nada me traz um sentido
Deus, que vidinha mais ou menos!
Que cansaço de existir,
que desânimo de abrir os olhos todas as manhãs
O amor anda,
e por mais que eu corra, não o alcanço
São essas tuas imagens _disfarçando naturalidade_
que me fazem acelerar,
mas eu nunca alcanço nada
Então adormeço, embriagada, querendo bater em Deus
e acordo noutro dia, ainda de ressaca, em Seu colo,
Ele é o único que ainda me nota
nessa vidinha mais ou menos.

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