Poesia de Ano Novo


Hoje eu escrevo a última linha dessa poesia
e começo outra, numa nova página
Quero voltar a ela daqui a alguns anos,
reler as poesias da minha vida
e sentir novamente
a perplexidade por quem já fui,
por quem me tornei a duras penas
Já assinei poesias com meu próprio sangue,
já pensei não ser possível prosseguir,
por sentir-me exaurida, mas foi,
cá estou inteira _ e mais delicada também
Hoje, relendo as poesias de mim mesma,
consigo ressoar uma melodia de gratidão
Meu coração, outrora destruído,
se refez ferozmente, letra a letra,
mesmo no escuro,
mesmo quando a vida se fez ilegível
e hoje, ele assina comigo a alegria de insistir,
de resistir, a bênção de [sobre]viver,
de reamar sem duvidar que posso renascer
Minha voz foi emudecida,
e falou silenciosamente com Deus,
em oração de lágrimas e de esperanças já esquecidas
Se posso hoje assinar mais uma poesia
e começar outra é porque nunca estive só,
mesmo, por tantas vezes,
não tendo ninguém ao meu lado
Que a mesma dor que me fortaleceu, me inspire
Que meus antagonistas me esqueçam
[porque de suas feições já nem me lembro]
Que eu nunca perca a leveza de segurar a pena da vida
para assinar uma coleção de poesias felizes,
ainda que cheia de cicatrizes.

Comentários