Minha sorte é ter coragem,
meu azar é ser artista
Nunca fui de me apaixonar
por quem se apaixona por mim
no mesmo instante em que a mágica acontece aqui dentro
Nunca me dei bem com relógios,
eles nunca andam no meu compasso
Enquanto quero, não me enxergam
E quando desisto, se apaixonam
Enquanto estou em suas camas,
não se dão conta da profundidade disso
Não percebem que sou uma labareda de fogo
capaz de consumir tudo
que apareça na minha frente
para impedir o amor
Não percebem que minha alma
não abandona minha carne
por um só segundo,
que consumir-me como mulher
é consumar minha alma no mesmo instante
E só depois que me matam mais de mil vezes
Com seus silêncios e apatias
é que descobrem que tiveram o mundo debaixo de si
e então já é tarde,
já renasci milhares de vezes
e nem sei se quero amar outra vez
Se tenho sorte por ter coragem,
tenho azar por ser artista
e acreditar nessa porcaria de amor
mesmo depois de tantas punhaladas e decepções
E tudo recomeça,
com o coração errado,
no descompasso do relógio da vida,
que nunca marca a hora certa de ser correspondida.
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