Barbie Girl é o escambau!


Para quem só conhece meu lado poesia, eis aqui uma surpresa: eu sou meio revoltadinha com algumas (muitas) coisas desse mundo e tento me expressar com as palavras menos doces.

Sexta-feira passada, fim de tarde, chego com minha filha da escola e ela, numa felicidade radiante me diz: “mamãe, semana que vem vai ter festa na escola e eu vou dançar com a minha turma!!! Você quer ver?”

Sem titubear eu disparei: “Claro, Luísa! Dança pra eu ver se você está sabendo mesmo!” E, para minha triste (e quase suicida) surpresa, ela se posicionou e começou: “Sou a Barbie Girl, se você quer ser meu namorado, fica ligado, presta atenção na minha condição, é diferente, sou muito exigente...”

Eu, tão amante das palavras, não tenho sequer UMA para descrever meu desapontamento. Quem seria a irresponsável por tamanha afronta? A professora de Educação Física? Pega ela, agora!

Meu Deus, o que aquela infeliz e vazia da Kelly Key pode ensinar para minha filha e toda sua geração? Melhor eu nem me ater muito nisso.

Diariamente, ao levar minha filha à escola, eu observo os alunos que vão em volta da gente, sobretudo as alunas. Chocante. Meninas de 12, 13 anos, seminuas, com seus corpos expostos, falando num tom altíssimo, xingando os meninos, como se fossem um deles. Vez ou outra passo por uma criança esperando por outra criança. Será que elas já ouviram falar em Cartola? Tom? Vinícius? Toquinho?

Não é uma ciência exata, mas é quase. É evidente que a música influencia e denuncia direta e claramente o perfil e o comportamento das pessoas, sobretudo das crianças e dos adolescentes. Quando Luísa começou, toda empolgadinha, a dançar aquele lixo sonoro, eu fiquei do lado de cá, matutando “Meu Deus! Tanta coisa boa pra dançar, fazer coreografia e uma infeliz d’uma “professora” me vem com ‘Uma loura legal e que sabe o que quer, decidida, fatal, mas dengosa’”?

Pra começar, minha filha _ainda_ não é loura. Fatal? Meu Deus, por onde anda a beleza da infância, destilada, de tão pura? O que seria uma menina de 07 anos fatal? De novo, não quero nem pensar nisso.

É estarrecedor ver meninas de 07, 08 anos se vestindo como mini mulheres. Já não vejo meninas usando maria-chiquinha, sainhas rodadinhas, mas é constante vê-las maquiadas, de calças apertadinhas, meinha-arrastão, que avanço!

A única coisa que pude fazer como mãe foi massacrar minha raiva na hora e hoje, na segunda-feira, ir direto à diretoria da escola registrar minha indignação. Enquanto eu puder dar banhos de MPB, de ótimas letras e de conteúdos poéticos à minha filha, farei. Mas a guerra de braço é desigual, eu sei. Tudo na mídia hoje é “embalado” às batidas de Kelly Keys, de Perllas, de Latinos falando abertamente de sexo, bundas, bolinações, de “meninas fatais”... ah! Peraí, peralá!

Fiquei imaginando Luísa e sua turminha dançando “O Caderno” de Toquinho ou a sua “Aquarela”, ou ainda, o “Passarim” do Tom. Eu não sei o que vai dar na escola hoje, a diretora me assegurou que iria acabar com os ensaios e trocar a música.

Talvez pareça intransigência minha. Pensem o que quiserem, mas minha filha de 07 anos cantando, inconscientemente, que é uma vagabundinha fatal, nem pensar!

Barbie Girl é o escambau!

Comentários

Ludmila Clio disse…
Vitória!! Ao buscar minha filha, ela já estava me esperando com um pedido da escola para autorizá-la a dançar na festa a música "Redescobrir", na voz de Elis Regina (é o tema de abertura da novela das seis)!!
É o que se diz... "quem não chora..."
ebaaa
que maravilha
mas isso tudo é verdade, infelizmente é isso que acontece e é muito triste que as crianças tenham que crescer no meio de todo esse lixo
Mas continue colocando Tom Vinicius, Elis... =)
Lud, apoio plenamente! No mundo de hoje está difícil criar nossos filhos no meio de tantos "créus" e etc. Também sinto falta de ver menininhas realmente como menininhas...
Marcelo Grillo disse…
Lud, primeiro quero cumprimentá-la pelo nome do blog. Muito bonito. Depois, você não se deu deu conta de que somos privilegiados por termos nascido em época de Tom, Vinicius etc.? Nossos filhos nem nossos pais estão acostumados a eles. Cabe a nós ensiná-los a gostar da boa música. Parabéns pelo texto. Beijo
Alê disse…
UHU!!!Isso aí Lud! Boca no trombone! Mãe é mãe!Imagine a Lú de Kelly...NEVER! Beeijooo amiga!
Paixão, M. disse…
Eita, mulher de sangue quente e fibra, minah gente!

Mas é isso aí, hoje em dia é atípico uma mãe ou pai que se preocupe tanto com o que as crianças estão ouvindo. A maioria usa o velho argumento de que "criança não tem maldade pra entender certas coisas". Ok, ok, mas na minha opinião, é de pequenino que a gente educa os ouvidos, os olhinhos... Pra que depois eles possam buscar por si mesmos e formar opinião. Eu agiria da mesma forma.

beijão!!
Renata Mofatti disse…
Se a loira cabeçuda ao menos regravasse umas musiquinhas interessantes, hein!?! Ng merece. Aliás, só o Latino e aquele apê dele... Bjs da "Renata Ingrata"!!! rsrsrsrs
Unknown disse…
Amiga
Seu exemplo foi mais forte que suas palavras, afinal de contas falar, falar e não fazer nada não adianta muita coisa, né?
Parabéns por ter sido uma mãe bem atenta a ponto de perceber que uma coisa dessas, muitas vezes dita "inocente", é na verdade um péssimo exemplo é uma péssima maneira de nossas crianças entrarem na adolescência. Quero registrar, ainda, que você como cristã pode e deve sugerir também músicas que exaltem o nome de Deus.
Abraços amiga
Eu te amo!!!!!
Zildo Nascimento disse…
Ludmila, parabéns pela sua decisão. E estarrecedor ver as crianças de hoje perdendo sua inocência em função de atitudes de adultos. Nós, pais e educadores, precisamos constantemente orientar e alinhar nossos filhos nos caminhos planos.
Leca Nunes disse…
Muito boa!!! Imgino a cara da infeliz que não deve nem saber o que é música...Pois penso que isso ai, nem considerada música é , mas sim uma aberração...Beijos minhas lus, não baixa a guarda, não foi isso que vc cresceu ouvindo, tenho certeza!