
Na madrugada passada eu tive um pesadelo.
Sonhei que eu brincava de pique-pega numa rua super movimentada de Cachoeiro, mas no meu sonho, era uma rua sem saída e tranquila. E já estava de noite.
De repente uma senhora me falava apavorada que era pra eu ir pra minha casa e tomar muito cuidado com o tubarão, que essa era uma noite em que ele atacaria... eu ri, peguei as duas mãos dela e lhe disse, firmemente: “Olha, não existe tubarão nenhum, isso é uma lenda, uma bobagem sem sentido algum que o povo fala...”Mas ela continuou esbaforida e recolheu as crianças dela da rua.
Sabe como são os sonhos e os pesadelos... completamente desconexos... de repente eu estava deitada, em minha cama, no meu quarto. Coberta até à cabeça. E o quarto, era o meu, de criança, na casa em que vivi dos primeiros dias de vida até meus quinze anos... na "rua do Roberto Carlos"...
De repente comecei a sentir como se fosse um cachorro, sei lá, um bicho muito grande me roçando as pernas, soltando aquele bafo quente no meu pescoço, algo aterrorizante. Eu pedia pra parar, mas o animal continuava, em silêncio. Dele eu só ouvia a respiração, quente e profunda. No meu pesadelo eu tentei gritar pela minha mãe, duas vezes, com aquela voz de menina, agudinha... "Mãe, mãe!" mas a voz não saiu. Eu fiquei desesperada. No pesadelo eu já estava de joelhos sobre a cama, com a coberta nas costas, chorando, em desespero, aos prantos.
Daí eu tentei gritar pela minha mãe de maneira grave, quase falada: "mãããããe"...
Então, aqui, na vida real, eu acordei todo mundo. Eu gritei pela minha mãe na vida real também.
Acordei com as pernas muitíssimo cansadas, ofegante e até agora não sei se me senti realmente aliviada... talvez no meu pesadelo ela aparecesse, e faria dele, um sonho...
Senti uma profunda e indescritível tristeza em meu coração. No escuro, chorei baixinho, sob carinhos que tentavam me consolar, sem saber de nada: "Calma, fica calma, foi só um pesadelo, já passou, está tudo bem..."
Eu precisei dela nesta noite.
E eu trocaria minha realidade pelo meu pesadelo, só por mais alguns segundos, apenas para vê-la abrindo aquela porta e vindo ao meu encontro...