Estradas


Dentro de mim há longas estradas
Que se queimaram com o sol dos imprevistos da vida
Em seu chão quente
não posso pisar com meus pés descalços
E quando caem as noites
Minhas estradas ficam geladas
Nelas
Sopra o vento das frias solidões
E minha pele arde nas profundezas de maciças tristezas
Tenho marcas de acidentes terríveis
Meu coração é de vidro
e já se quebrou em muitas esquinas erradas
Mas sou uma andarilha
que não se cansa em procurar pelo seu destino
E que às vezes já se perdeu em tantos [des]caminhos
Já confiei em placas de cores vibrantes
e por elas cheguei a destinos indesejados
Já fui forasteira em minhas próprias estradas
e agora eu sei que caminhos difíceis
também são caminhos
Quero chegar onde mora o amor
À sua sombra
Fico menos exposta aos sóis da vida real
e ao frio cortante das solidões
E assim eu vou pelas estradas que sou
Sou estradas de concentração
Sou estradas de taquicardia
Sou estradas de acelerações viscerais
E de tremedeiras também
Sou estradas de fomes e de sedes
De dedos estalados e de palavras sussurradas
De lindas paisagens e de lágrimas menores
Sou estradas de viagens inesquecíveis
e de luzes ofuscantes, que iluminam olhos atentos
_ou cegam olhos fracos
Mas somente quando amo é que sou livre
Corro para o amor pelas minhas estradas tortuosas
Ele é meu destino, meu destino de liberdade
Por ela me renovo a cada amanhecer
É a esperança de encontrá-la que me move
Em seus braços hei de alcançar minha paz,
descansar meu coração e libertar-me dos limites
Sendo o amor em liberdade, meu destino,
meu perfeito destino,
pois nas estradas sem fim
que me encontro em felicidade.