Ponto de vista


Ela, com o rosto inchado, de tanto chorar.
Moça nova, problemas gigantes, de gente mais velha.
Chorou por algumas horas a fio,
fez no travesseiro, uma poça de lágrimas e de restinho da maquiagem.
Resolveu ir até o banheiro lavar o rosto,
estava desolada, chegara à exaustão.
Não acendeu a luz, aproveitou a luz que vinha da sala,
estava evitando se ver no espelho.
Na penumbra,
deu três passos em direção à pia e abriu a torneira.
Percebeu então algo diferente na parede, bem ao seu lado;
arrepiou-se toda e deu um pulo para trás.
Viu-se obrigada a acender a luz para ver o que era aquilo.
Tudo mudou então.
Talvez outro coração veria um bicho-folha,
um mais cético teria visto um Heteropteryx dilatata...
...o seu coração porém, viu uma simples esperança.
E nada lhe seria mais oportuno...
Lavou então, o rosto ainda riscado das lágrimas,
mas sua alma já estava diferente.