
Abro os meus olhos
Tudo é resto:
meu todo é resto
Há cacos de esperança
espalhados pelo chão
Preciso multiplicar frações
Sinto as pontas afiadas do silêncio
ferindo o que eu luto para manter intocado
O ar me falta
Meu coração dispara aflito,
corre para o precipício da exasperação
e grita um caminho
que meu corpo já não aguenta mais seguir
Preciso escrever
Morrer em palavras
Matar-me em figuras
_explosões em catarses
suicídios sem eufemismos_
Renasço
Não mudo a realidade
O todo continua resto
O silêncio faz sangrar os meus sentidos
Mas depois do grito,
depois da morte em palavras vivas,
Revivo
Acho que ainda tolero um pouco mais isso.