Se
ao menos com as palavras
ainda sou livre,
com toda licença poética:
hoje é um dia ‘invivível’...
sim, está impossível realizar esse dia.
Ontem
Fui criança boba
Nem percebi que te magoei
Mas agora eu sei e tenho medo
Um medo do tamanho do meu amor
Estou tão pequena,
Encolhida e prostrada sobre a nossa flor
A flor que nasceu para enfeitar os nossos dias
Hoje
Não há sinos, não há luzes
Alcancei a exaustão, estou cansada de chorar
Sou somente uma grande dor
E já não sei como te provar que é amor
Amor que te fez o escultor
De meus pensamentos perfeitos
Mas ainda não compreendes
Teu talento em minha arte
E tua incompreensão me arranca a pele
E me expõe ao frio.
Acordei e ainda não acredito
Acordei dentro de uma poesia,
De uma poesia que é triste
Que fala da dor
Da dor que não é metáfora,
Mas da dor que dói;
Acordei sem inspiração
Não encontro uma frase, um fim
Para os versos dessa minha tristeza poética
Aqui tudo chora, tudo morre
(se não morre, se mata)
tudo é deserto, tudo é incerto
não me lembro de ter morrido assim;
Sem saber
Te revelaste o compositor de mim
Em tuas mãos
Fui tom maior lindo e vibrante
Mas em tua liberdade de compositor
Hoje me fizeste tom menor
Triste, sustenido, dissonante.
Triste, sustenido, dissonante.