Agora me diz
Para onde eu devo
ir
Aonde é que eu
vou buscar ao menos um pouco de graça
Para essa vida
tão desgraçada
Se em cada palmo
do chão do centro dessa cidade
Tem um pouco da
gente
E por cada
esquina em que se anda
Ainda se podem
ouvir os ecos das nossas palavras de amor
Agora me diz
O que eu vou
fazer com toda essa bagunça
Que ficou
espalhada pelo chão da minha vida
Quem é que vai se
interessar pelas minhas entrelinhas
Quem me
compreenderá tão perfeitamente, em silêncio
Quem vai me
esperar pelas manhãs, junto ao violão?
Agora me diz
O que eu faço com
toda essa juventude estampada na minha cara
Me diz a quem eu
devo doar esse estoque de sonhos
que está
começando a estragar dentro de mim
Como é que eu
calo as nossas músicas no meu coração
E como eu posso
gostar um pouquinho da vida sem tê-lo comigo,
Se todos os meus
amanhãs foram dedicados a ti, me diz
Me explica, por
que desistiu?
Por que jogou
nossa caixinha de música aos cães?
Por que preferiu
dar respostas sociais?
Que dor, que dor
ler teu amor por mim em teus olhos,
Sabê-lo intacto.
O mesmo. Indelével.
Mas foste um
grande covarde.
E ela sempre
soube de nós dois.