![]() |
"Nada é orgânico, é tudo programado." |
Hoje, ao responder um torpedo de
uma amiga, me espantei com a minha própria sinceridade. Terminei o torpedo
dizendo: “Quando vamos nos rever? Você é uma das raras pessoas das quais eu consigo
sentir saudade.”
E é verdade.
Na “Era da Comunicação” o que
somos? Somos a Geração Solidão.
Nunca houve tantas pessoas no
planeta. Somos bilhões. Bilhões de pessoas. Bilhões de solidões. Todas plugadas
no mundo virtual, com fones acoplados aos ouvidos _surdos para o mundo real_ e olhos
atentos à uma pequena tela na mão.
A saudade, coisa que mata, virou
um clichê. Assim como chamar qualquer um de “amigo”. Não é a primeira vez em
que eu me indigno com isso. Amigo é amigo, colega é colega, conhecido é
conhecido. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. E saudade mata.
Pelo menos leva à míngua. Saudade dilacera. Tira o apetite. Tira o sono. Tira a
concentração. Então, saudade mata, sim senhor.
A Geração Solidão é
essencialmente saudosista. Sentimos saudade do que nem sabemos, mas sentimos.
Pensando friamente (e por isso me
assustei com minha mensagem), não sinto saudade de todo mundo que não está mais
presente na minha vida. Realmente sinto saudade de raros, poucos. Há lembranças
que me vêm à mente e me fazem sorrir, saudadezinhas gostosas de sentir. Poucas.
Há pessoas que não vejo há meses.
Outras, há anos. E sinceramente não me fazem falta. Saudade não é pra sentir de
tudo, nem de qualquer época ou de qualquer pessoa. Saudade é uma perspectiva do
amor, e amor não se sente de qualquer jeito.
Na Era da Comunicação
verbalizamos pouco. Expressamos menos ainda. Haja bateria e emoticons! Somos
frios, eletrificados, automatizados, mecânicos, inexpressivos, programados. Há um vazio
nessa geração, um esfriamento evidente em nossos olhos.
Na época das cartas e dos DDDs
caríssimos havia mais calor humano. Precisávamos mais uns dos outros e
demonstrávamos mais isso. A tecnologia não é ruim, talvez a fraqueza seja
humana mesmo.
E nesses dias tão desumanos, não
me sinto assim por não sentir saudade de todas as gentes. Só não gosto de
sentimentos em massa, “modinha da saudade” não rola. É triste que a saudade,
sentimento por pessoas especiais, seja um chavão da Geração Solidão, onde
ninguém sabe ser especial.
Estou aguardando a resposta da
minha amiga...