No início, o fim
foi terrível, como todo fim
Nossa doce rotina
ainda estava fresca,
pairando pelo ar
da casa
Tuas impressões
digitais
ainda estavam nas
capas dos discos, na escova de dentes, na minha pele
Olhar para aquele
lado da cama e não te ver
era tão triste,
me fazia chorar,
eu enfiava o rosto
no travesseiro e gritava, para expurgar
aquela dor na minha alma
Dormia de
exaustão, imersa nas nossas lembranças
Acordar era um
castigo, os dias tinham um peso incalculável
Respirar era
pesado, viver era um sacrifício
A cada amanhecer
eu acordava um pouco menor
Deixava uma
porção da minha vida
Diluída nas horas
da madrugada
Os dias entraram,
saíram, nunca mais te vi
Teu cheiro, antes
impregnado nos lençóis,
hoje é uma vaga
lembrança em minha memória
Eu não tenho a
menor das notícias sobre tua vida,
Simplesmente teu
passado te tragou,
como o mar traga
pequenos barcos, em noites tempestivas
Era um domingo de
sol, tinha tudo pra ser lindo, mas foi o início do fim
Hoje pareço em
paz,
mas não posso
chamar esse mormaço de paz se ainda me inspiras tanta saudade
Parece paz, mas
só de ouvir teu nome, numa boca qualquer,
me arrepio
inteira, sinto que ainda estou presa naquele domingo de sol,
que fechou o
tempo da minha vida,
que fez desabar a tempestade
que até hoje só chove saudade e nostalgia.