Ontem eu estava no céu
Te vi sorrindo, no meu
jardim abandonado,
colhendo os sorrisos que esqueci
colhendo os sorrisos que esqueci
Arranjaste um pequeno
espaço na bagunça da minha vida
e até o tempo parou para
nos ver dançando as músicas
que cantavas nos meus
ouvidos ensurdecidos
Tuas mãos tiravam de mim
o menor vestígio de medo
Apagavam com carinhos as
lembranças de um passado gris
A incandescência dos teus
olhos era o Sol a me aquecer
Teus silêncios declaravam
a paz
Eras a própria vida me
convidando a viver
Eu não percebia que eras
o Diabo me conduzindo ao precipício
Onde não há nuvens de
algodão doce, onde o Sol não se deixa ver
A altura da tua covardia
era lancinante
Engolida pela vertigem,
eu não sentia meus pés
Arrancaste-me a pele,
fiquei exposta à tua frieza cortante
Teus sorrisos se
esconderam nas duras pedras
Desesperada, eu quis
partir em fuga,
mas fui arrastada pelo
teu desprezo em movimento
Minha solidão era o céu,
mas eu não percebia
Olá, inferno. Eu voltei.