Queria ver meus dias ao
contrário,
do último ao primeiro, sem
sair do lugar
Amor, lembra-me sempre
que o avesso do Sol é a Lua,
não a escuridão?
Como naquele primeiro dia em
que fazia calor, mas chovia
Nasci num dia de contradição
Andar em corda bamba nesse
mundo ensolarado
Permeado de tanto coração
gelado
Mas aquele dia não era só
contradição?
Ah, se um dia eu pudesse ver
meu futuro, sem estar presente!
Mas não, ele acontece,
escorre lentamente
Então sigo no sentido
contrário,
rodeada de gente em perfeita
solidão
Avançando para o futuro,
apaixonada pelo meu passado
E não há motivo algum para
desesperar _ ou há?
Daqui pra frente hás de
chorar, hás de sorrir
É sempre o sim e o não
e bem acima dos medos, tua
exata contradição
Vivendo, morrendo, sorrindo,
sofrendo
Teu passado corre a toda
velocidade,
Mas o abraçarás antes do
último dia
Pois viver, ainda que doa,
É o teu maior presente, velha menina.