Ela sempre dormia espremida do lado direito da cama.
Era como uma mensagem subliminar para a vida, um sinal.
Deixava livre o lado esquerdo da cama, que era como seu coração, vazio.
Sim, para ela a cama e o coração eram espaços que se completavam.
Impossível completar a cama tendo incompleto o coração.
E assim passaram os meses, os anos.
Aos poucos, ela invadia o lado esquerdo da cama,
pois ninguém chegava ao seu coração.
Hoje ela dorme atravessada na cama, com os pés pra fora.
Esconde-se sob seis travesseiros,
não há espaço para outra pessoa em sua cama.
E vazio permanece o seu coração.