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Por: Ronald Mignone e Ludmila Clio (Mais um nosso!!) |
O ar à nossa volta está carregado de vazios
Desprezos velados em silêncios cortantes, mas cotidianos
Tudo é morno
Caras de água, inexpressões insossas
Alianças congeladas, sonhos esquecidos, mistérios mortos
Não! Somos dissonantes!
Destoamos dessa realidade
Vivemos as delícias da rara cumplicidade
Disparamos olhares, docemente maliciosos,
que anteveem como morreremos saciados mais tarde
Nos provocamos com toques ousados,
muito bem disfarçados
A deixo ruborizada e quase me entrego ao vê-la tão desconcertada
Esses são nossos primeiros acordes vibrantes
Nessa escala em tom menor que nos compuseram
São os prenúncios de nossas horas ímpares e incandescentes
Prelúdios do nosso momento mágico, da nossa melodia secreta
Onde nos tornamos um único acorde
e ensurdecemos as pausas
Com a bênção dos anjos, ao som de mil corais
No instante em que o universo nos assiste exceder todas as notas
Onde as palavras sobram, não faltam
Nossos corpos se devoram
e nossas almas se bastam.