Ande só porque o nome daquela lágrima ainda é o mesmo e teus amigos julgam que já passou da hora de dar um fim nessa dor.
Ande só porque acreditam nos sorrisos das tuas fotos lindas e ninguém desconfia que você tantas vezes passa dias prostrado na cama, em posição fetal, e sequer consegue se levantar para um banho ou um pedaço de pão.
Ande só porque exigem tua felicidade diante da "vida maravilhosa" que você tem e sequer conjecturam os pensamentos que assombram teu coração.
Ande só porque não compreendem que teu tempo é diferente, que você sente a dor como um fogo que te consome a alegria, que em tua alma queimada a anestesia não chega.
Ande só porque teu coração é antigo e vive de sentimentos que não estão em uso há muito tempo.
Ande só porque o cansaço bate, se explicar você já não aguenta mais. Ande só.
Toma a rota diferente, se renda à sentença ardil de conviver com ecos e paredes, assuma o pesado anacronismo da tua existência.
De vez em quando se misture _se possível_, sorria quando aguentar, segure aquela maldita lágrima enquanto olham para você, mas jamais se esqueça: no fundo você sempre anda só porque no fundo é só você e mais ninguém. Logo isso acaba. Logo isso vira poema. É nisso que se transformam os que andam sós: em poemas encorajadores que, de tão imensos, preenchem os espaços que a solidão conquista no coração de cada um.