Só de lembrar



Quando se é tão retalhado, esnobado, difamado
ainda dá para acreditar que se possa ser amado?
Quando se é tão humilhado, dilacerado, desmentido
ainda dá para confiar que é possível ter sentido?
Quanta guerra declarei
para hoje significar paz, tua paz
Ontem desconhecida, hoje a preferida
O quanto é preciso sangrar
para convencer o amor de que ele pode acelerar?
O quanto é preciso doer
para persuadir o coração de que ele pode viver?
Nossos passados brutais,
Nossos ontens de frustrações,
Ingratidões desmedidas nos trouxeram até aqui
Então coloca essa ferida pra sangrar,
vê se para de estancar,
que eu coloco esse passado pra correr,
daqui a pouco para de doer
Chegou a hora de voar
Nosso lar nos chama,
ele fica lá, do lado de fora, distante,
emaranhado em entrelinhas que só a gente entende
E foi bem dentro dos nossos olhos que,
enfim, descobrimos isso:
a verdade de duas vidas inteiras
revelada em poucas horas
E daqui, todo passado já é raso,
onde a gente mal respira só de lembrar.

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