Caminho Tinto



Quando eu te disser que você pode vir,
você cai na estrada?
E quando eu abrir a porta, você me abraça?
Você deixa eu te ver prendendo os cabelos,
arrancando as lentes e as botas
como se estivesse em casa?
Se eu te der uma brecha, você me invade?
Se eu te sugerir nua, você se veste de mim?
E quando o êxtase for absurdamente extremado, você chora?
Depois vai dormir sobre meu peito
como se não houvesse nada lá fora?
E quando eu pegar no sono, você me namora?
Se eu me distrair, por mim você ora?
E se eu construir montanhas de areia
Te mostrar um coração retalhado
Desfilar gentilezas carinhosas,
você me incita?
Vai acatar meus conselhos
quando eu te perceber perdida?
Vai desejar me dar a mão
quando o mundo me virar as costas?
Mergulhar na minha taça
quando eu me rasgar em entrelinhas?
E se eu te disser que meu caminho é tinto,
você assume o risco de um porre?
E se eu te disser que desde nosso encontro
minha alma flutua,
você me mantém leve?
Se você se perceber na minha corrente sanguínea, você foge?
Conhecendo meus rascunhos, você fica?
Pois bem sei todas as respostas,
teu coração não hesita
Então caia logo na estrada
e vê se me abraça forte
quando eu abrir a porta.

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