Ser confiável: impossível ou negociável?


A gente trai quando muda o comportamento na ausência do outro; quando diz que se importa, mas sempre que pode, diz por aí que não tem um alguém.

A gente trai quando maltrata sem filtro e se justifica depois dizendo que foi por conta do momento ruim da vida. A gente trai quando vê, mas não olha; quando presenteia para compensar uma grosseria; quando abraça, mas evita; quando ouve, mas não escuta.

A gente trai quando usa o passado para torturar o presente; quando só dá a mão quando o outro nos serve de troféu.

A gente trai quando anda insaciável à procura de novos "esquemas"; quando mantém os contatinhos no chip reserva; quando finge trabalhar durante a madrugada para se sentir com privacidade nas redes sociais.

A gente trai quando a sinceridade é pura teoria; quando apaga conversas e deixa o outro à vontade para "ler o que quiser". A gente trai bem vestido, olhando nos olhos, mas fazendo planos onde só cabe a gente mesmo.

E a gente se trai insistindo nesse desprezo delicado, mimetizado em gestos sorridentes, mendigando pela vida que não transborda, mas goteja na esperteza de uma rotina sem brilho onde falta a verdade que a gente tanto defende, mas não vive porque tem medo de ser traído.

Confiar é difícil, mas ser de confiança valida o risco!

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