Eu
não sei quem foi que inventou que chorar é fraqueza. Desde criança somos
desencorajados a chorar: “Engole o choro!”, quem nunca ouviu essa sentença?
Mas
todo mundo sabe o quanto pesa um sorriso quando a lágrima faz-se necessária. O
problema é que a gente finge que não sabe e que não precisa saber. A gente cola
um imenso band-aid em cima da ferida
sangrando, da lágrima a cair e, como os pinguins de Madagascar, sorri e acena.
Segue o baile.
Uma
vez eu não consegui segurar o choro até chegar em casa e acabei chorando na
rua. Horrível! Parece que todo mundo largou o celular e me enxergou, justamente
quando eu queria – desesperadamente -
ficar invisível.
Outra
vez foi o contrário: eu vi uma moça chorando na rua, mas, diferente de mim, ela
não segurava o choro: chorava alto, forte e doloridamente. E eu senti uma
imensa inveja da coragem dela _sim, é preciso coragem para conjugar em público
o primeiro verbo que todos conjugamos ao nascer_ ela chorava. Ela estava sendo
humana, puramente humana, essa coisa que a gente exige que todo mundo seja, mas
que sempre evita ser e ver, a todo custo. Ser humano é ser fraco.
Eu
sei que há boa intenção em quem tenta nos confortar, impedindo o nosso choro,
mas ouvir de alguém: “chora aqui, vem cá,
bota pra fora tudo o que está doendo aí dentro” ainda é a forma mais linda
de ser humano; não há nada mais empático do que dar espaço e permitir a humanidade
do outro, sem rótulos, padrões ou medidas.
Vivemos
dias maus. O mundo segue automatizado, fake,
entediado e desproporcional. Sorrir é normal. Ser feliz é normal. Ter é normal.
E no travesseiro, toda normalidade encontra a sua verdade. Uma solidão
silenciosa e uníssona globo afora se encontra e se traduz no ar pesado desse
mundo que sorri, é feliz e não chora.
Mas
engole.