Olhar de garimpeiro


Encorajamento: quanta força há nessa palavra! É uma palavra em movimento, é o bolo crescendo, a maré subindo, gerúndio inundando o coração da gente.

Não gosto de todas as formas de encorajar. Às vezes ele vem com ameaça; noutras, com comparações ou, ainda, com sentenças perpétuas. Encorajamento que magoa eu dispenso.

Gosto é de estar atenta porque nas situações mais simples podem vir as maiores pepitas de ouro, é preciso um olhar de garimpeiro.

O encorajamento pode vir numa letra de música, num diálogo de novela... numa cena que a gente vê de longe, pelos vidros do ônibus no trajeto de todo dia... pode vir numa frase aleatória impressa na última folha do jornal ou da boca de uma criança desconhecida enquanto ela faz seus castelinhos na areia da praia, perto da nossa toalha colorida.

Encorajamento gostoso é aquele que vem do nada, na conversa despretensiosa, com um quê de "conversa jogada fora" e ali, imiscuído nas frivolidades cotidianas, nos draminhas pessoais, todo o ouro vai sendo revelado. Levezas que têm o poder de uma colherinha de fermento, que têm a força de uma onda que leva a gente a flutuar sentindo os pés no chão.

É preciso um olhar de garimpeiro nesse mundo cheio de desesperanças.

Ai de mim perder essa perícia!


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