O que a Inteligência Artificial não sabe (e nunca vai saber!)



Tenho o hábito de usar o dicionário de sinônimos quando escrevo. Eventualmente sinto que posso trocar uma palavra e, assim, aumentar a potência do que quero dizer.

Hoje não foi diferente. 

E para a minha surpresa, encontrei na página do dicionário online essa maravilhosa ferramenta de I.A. (Inteligência Artificial), a queridinha do momento - releia essa parte sobrecarregando ironia em "maravilhosa ferramenta" e em "queridinha".

Para dar uma chance à ferramenta e ver o que seria a transformação do meu texto em "texto incrível" como ela promete, escrevi um pequeno parágrafo na caixinha dela. E, fantasticamente, o que ela fez? Substituiu "amável" por "afetuoso" e trocou "muito bonito" por "lindo".

Oh!

Escrevo desde que sou alfabetizada. Sei que trocar as palavras tanto pode exponenciar o poder do que está escrito quanto pode forçar uma exuberância. Me explico: há momentos na escrita, em que "menos é mais". Enfeitar o pavão não resulta em beleza, mas em cafonice literária. Vira uma "forçação de barra", um amontoado de palavras bonitas e até fortes, mas que ali, naquela frase específica, não sabem para onde estão indo e, assim, perdem suas qualificações e potencialidades. É o puro vazio da estética. Às vezes algo muito bonito não é lindo. É apenas muito bonito.

Mas isso é questão de temperatura, sabor, textura, nuance, essas coisas de alma, de humanidade, de vida que respira. E a I.A. pode manjar de muita coisa, mas nem em mil anos ela será capaz de adentrar entrelinhas. 

Tampouco a alma de um escritor.

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