Permita-se

 

Solidão é um pedaço de vida
que morreu, mas continua aqui
Deixa cauterizado o coração que,
de tanto medo, nada sente
Suga a vida,
transforma-a num filme
preto-branco-cinza-mudo
Solidão é um pedaço de vida
que se esqueceu de viver
Render-se a ela
é deixá-la dormir tranquila,
pesando sobre os ombros
É ter medo de acordá-la,
medindo a intensidade das palavras,
das canções, do amor
Olho-te e não encontro vida
Vejo teus olhos, que não brilham,
que lamentam a presença da solidão
e que sofrem com tanta ausência,
que a condena por roubar
todas as suas noites de sonhos afáveis
Vejo tua alma opaca
Que já se tornou solitária por convenção,
que perdeu as próprias convicções
Vejo em teus olhos uma tristeza infinita
que é do tamanho do amor que tem pra dar
e do medo que tem de se permitir.

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